Realizou-se no Conservatório Estadual de Música de Uberaba, MG, Renato Frateshi, na última semana do mês de maio, a primeira semana da música, que não pode, por uma fatalidade, ser realizada completamente, pois, Deus, levou para a sua morada, um jovem talento que tinha tudo para brilhar nos palcos de qualquer lugar do nosso planeta - O nosso saudoso e admirável, JOSUÉ DE SOUZA.
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Primeira Semana da Música
(Uma semana “encantada”)
Uma semana marcada por momentos de grandes alegrias, revelações de talentos, muita cultura musical e a presença maciça do público, que reuniu várias gerações para o encontro com o verdadeiro sentido da música em nossas vidas, agregando mais conhecimentos advindos de músicos altamente qualificados que, com muita maestria puderam nos presentear com valorosas aulas e espetáculos dos mais variados estilos da música considerada clássica, MPB, choro, e um verdadeiro show de jazz.
O anfiteatro Renato Frateschi decorado de forma simples e aconchegante, para a abertura do evento, estampava na circunferência do palco várias capas de discos de vinil, dando um colorido ao ambiente e despertando curiosidades e interesses culturais.
Abrem-se as “cortinas.” O teclado é a vedete da noite. Os músicos posicionam-se e dão início a apresentação com um tema agitado na batida do samba, pra depois dar seguimento a uma seleção de músicas do gênero instrumental. O nosso saudoso Sylvio Robazzi, grande pianista uberabense recebe uma homenagem póstuma com a música, Pedaço de Bolo, de (Hermeto Pascoal). O Tecladista se emociona ao lembrá-lo e platéia o aplaude efusivamente
Os espetáculos continuam dando curso à programação da noite, e há outra conotação musical, com a camerata de cordas de nossa cidade. Ouvimos Beethovem. A sensação que temos é de viajar no tempo e no espaço, enlevados pelos acordes da sua quinta sinfonia.
Dos sons dos instrumentos de cordas acústicos, passamos a ouvir o som metálico de uma guitarra elétrica em meio a um magistral work shop, por um jovem de cabelos longos e uma cabeça genial.
Volta-se ao acústico com a sua majestade, o violão clássico. A atmosfera psicológica fica rarefeita. Podemos meditar tamanho é o silêncio reinante nesse clima solene, quase religioso, mas a seguir vamos penetrar na história de um grande brasileiro, que soube, mais do que ninguém fazer a crônica do proletariado paulistano, cujas músicas recheadas de muito humor e bom gosto nos foram lembradas e estão registradas na história da cultura popular do nosso povo. Este personagem que pudemos conhecê-lo melhor é exatamente Adoniram Barbosa. “Se vocês pensam que nois fumos embora, oh, nois aqui traveis!”
O manto da noite envolve o dia ensolarado, mas o calor permanece no ânimo dos personagens ativos e passivos de mais um encontro no palco das emoções.Um quinteto de jazz e uma estrela a brilhar... Uma pausa para esta estrela, JOSUÉ DE SOUZA. Estão a postos para nos premiar com mais um espetáculo sonoro de altíssima qualidade sonora e interpretativa. Os sons metálicos enchem o ar de ondas oscilantes de devaneios melódicos. As poltronas disponíveis no auditório são incapazes de receber o grande público que em parte acotovelam-se no corredor de acesso ao anfiteatro. Reverbera-se o som. Respondem o flashes registrando grandes momentos. É impossível não se emocionar. Solos sucessivos arrancam aplausos espontâneos da platéia. O som é forte, pesado em contraste com a harmonia que os ouvidos acolhem de muito bom grado. ( ...) Mais uma homengem póstuma a Sylvio Robazzi – aplausos. Os timbres misturam-se e às vezes, isolam-se para um solo a parte e o baterista faz um malabarismo com as baquetas. Atinge-se a apoteose da primeira sessão da música instrumental. Gritinhos, assovios e aplausos se misturam em entusiástica onomatopéia
E tem mais show a seguir nessa maratona musical. O momento promete, pois o entusiasmo e a alegria dos músicos são contagiantes. E, quem pensava em ouvir mais música instrumental, se surpreende com a voz grave e entusiástica de um exímio cantor de blues, acompanhado pelos seus colegas da banda, todos exibindo um excelente nível técnico. Entre eles, um multinstrumentista que nesta noite de plena inspiração domina dois instrumentos de famílias diferentes, o teclado e o saxofone. Estou falando da estrela que vimos brilhar em todo o esplendor do seu potencial artístico, JOSUÉ DE SOUZA. Nesta noite ele estava muito inspirado e havia uma consonância de amizade muito grande entre os componentes da banda blues. Esta noite foi um presente que Deus permitiu que recebêssemos e que não será esquecido, jamais.
A programação continua no dia seguinte, na quinta feira, com palestras e recitais à tarde e à noite, mas o destino mudou o rumo dos acontecimentos.
Entre tantas oficinas realizadas, houve a de ritmos corporais. O corpo fala, o corpo dança, sapateia e bate palmas. O corpo também cai, e talvez não viva mais.
Pensemos nisto.
Tenho dito!