terça-feira, 27 de abril de 2010

Seis coisas que vocês não sabem sobre mim...

Seis coisas que vocês não sabem de mim:



      Atendendo o convite do meu amigo Geraldo, do blog do Pharis, transcrevo abaixo as seis coisas que vocês não sabem sobre mim:





1- Bem... vou começar pelo começo. Sabem a onde eu nasci? Ah, não foi em hospital, não. Nasci em uma casa de pau-a-pique e cobertura de sapé, sob os cuidados de uma parteira, em pleno sertão das Minas Gerais;


2- Contou-me a minha mãe que eu ainda muito pequeno, por um descuido seu, engatinhei até a dispensa onde haviam pilhas de sacos de arroz . Comi uma boa quantidade de veneno para matar ratos e estive à beira da morte, mas estava escrito nas estrelas que eu deveria viver por muito tempo para fazer, também, este post;


3- . Minha primeira professora foi uma tia que, na verdade, não tinha diploma de normalista, mas que se dispunha como voluntária para ensinar as crianças de uma pequena comunidade de lavradores, entre os quais, o meu pai foi um deles, que a vida toda trabalhou para enriquecer os fazendeiros que lhe “cediam” um pedaço de terra para o plantio, fazendo um contrato verbal, quando na ocasião o proprietário das terras teria direito a 50% da colheita. O meu pai morreu sem terra, sem teto e somente pode aposentar-se pelo benefício da lei (70) decretada pelo governo, da ditadura milita;


4- Aos quatorze anos de idade fui matriculado por minha escolha em um internato, Seminário da Igreja católica, onde permaneci por pouco tempo. Expulsaram-me por ter fumado, inocentemente, um cigarro de papel que ganhei de um colega. Disseram para os meus pais que eu estava pondo os meus colegas perdidos, quando na verdade alguns dos padres nos davam este mau exemplo. Acontece que, sendo os meus pais muito pobres, pagavam apenas 1/3 do valor da mensalidade, e, mesmo assim, atrasavam o pagamento frequentemente. Acho que o cigarro foi a gota d´gua para que eles se livrassem do peso de ter em seus domínios um representante da pobreza. Havia lá um indivíduo que era cleptomaníaco, que furtavam as nossas coisas, cujos superiores, tinham conhecimento dos fatos. Como era filho de gente abastada, não o expulsaram...


5- Nesta época meus pais moravam na cidade, mas o meu pai continuara com o seu serviço de lavrador, nos arredores daquelas plagas. Eu tinha que trabalhar e encarava qualquer tipo de serviço como: vendedor de esterco de animal - adubo para as hortas que, naquela época, era muito comum ter nos quintais da maioria das residências. Isto mesmo! Eu saia a catar o produto pelos pastos, ensacava, colocava em um carrinho de mão e saía a oferecer de casa em casa. Fui também engraxate, entregador de roupas de tinturarias, ajudante de açougueiro, servente de pedreiro, pintor de parede, e sempre ganhando uma miséria. Os menores de idade eram mesmo escravizados pelo sistema. Havia o salário de menor, sabia? Mas era um privilégio para poucos, como o serviço de contínuo (Office boy) exclusividade dos bancos.


6- Chegou a época em que eu deveria me alistar para o serviço militar. Alistei-me. Estava desempregado e não o dinheiro para comprar o fardamento que o Exército não fornecia naquela ocasião. Me apresentei ao Tiro de Guerra, a paisana. O sargento me perguntou pelo uniforme. Eu disse que não tinha dinheiro para comprá-lo. Foi um momento de muita humilhação. Com muito custo ele concordou que eu poderia arranjar uma farda usada, e assim, concluí o serviço militar pagando o mico por usar um uniforme desbotado. Ah, naquela época, ninguém conhecia a expressão DIREITOS HUMANOS, havia muito abuso de poder.
Tenho dito!
Indico para fazer um post idêntico sobre o mesmo tema, os amigos:
Edilene - aaamorrr - http://www.mensagensdiversificadas.com.br
Vovolili - http://www.vovolilian.blogspot.com
E, mais quatro voluntários. Portantanto, um passo`a frente!

17 comentários:

  1. João,

    Ora, não sei te digo que os sobreviventes sao comuns ou os livros de histórias é que são escassos. É isso aí: mitos hojes são anônimos mesmo...até agora, não é mesmo?? Até hoje, apenas...

    Abçs!!

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  2. Que história bacana João!

    Uma vida simples e humilde né?
    Com grandes superações...

    Abraços.

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  3. QUE POST FANTÁSTICO!
    AMIGO JOÃO BATISTA
    Só conhece esse sacrifício quem algum dia passou pelos arredores e sentiu o cheiro do esterco, que ouviu quase cabisbaixo os pais serem cobrados e sentiu-se impotente sem poder fazer quase nada. Não é por tudo isso que você superou que eu tenho muito orgulho de você. Sou o seu admirador porque nas entrelinhas estão gravadas as digitais de sua autenticidade e de sua luta incansável que ainda encontra forças para escrever com ternura tantos Poemas.
    Parabéns por mais um magnífico post!
    Abraços,
    LISON.

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  4. João que fantástico, você teve uma caminhada e tanto! Sinta-se orgulhoso por ter conhecido e vencido tantos obstáculos! bjs

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  5. Biografia invejável. Bom que faz uma leitura da época, de maneira sensata. Nao guarda rancor, mas critica. Isso é muito bom
    Tive uma infncia parecida
    Abraços

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  6. Prazer em te conhecer...que história de vida maravilhosa, caráter moldado na adversidade com honra e honestidade.
    Abração

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  7. E muito bem dito.
    O interessante dessa "brincadeira" é a sensação de como é gostoso vencer. Mais: sentir-se bem com a vitória, superação, alheia.
    O desbotado da tua farda é o brilho que hoje ostenta.

    Um forte abraço!

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  8. Joao, a sua historia de vida é emocionante, como de algumas outras pessoas que tambem tenho muita admiração. Não posso jamais reclamar de minha infancia e adolescencia, pq não provei de certas dificuldades de outros, por mais simples que possa ter sido. Amigo meu... que bom que o veneno não foi capaz de tirar de mim e de nós sua preciosa presença.
    Quanto aos direitos humanso... será mesmo que ele é tão válido assim nos dias atuais ou meio que utópico algumas vezes?!

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  9. Olá amigo João!
    Uma linda trajetória com superações.
    Foi bom conhecer mais sobre o amigo.
    Forte abraço, Fernandez.

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  10. João,

    Olha a tua tua história é linda! Não por ser um conto de fadas, mas por ser muito rica. Reflecte a realidade de uma época, onde certamente imperava a autocracia e o obscurantismo. Mas eu penso, que são os homens que viveram nessas condições que fazem o mundo "saltar". São eles que ajudaram a criar condições para que o futuro (hoje) seja um pouco diferente.

    Grande abraço, meu amigo, adorei conhecer-te melhor!
    Luísa

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  11. Grande João, incrivel a sua história de vida, e hoje como diria meu avo, um letrado, um poeta. Mas essa dos padres caracteriza muito bem a influencia politica e capitalista sempre esteve e estará lado a lado com a igreja ... qualquer uma.

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  12. João
    Realmente sua historia é de cair para tras...voce nasceu com uma estrela protectora,salvou-se de morrer envenenado.
    E eu minhas colegas no colegio de freiras,não tivemos sorte de ser expulsas...fizemos tantas partidas...pagámos com castigos de doer...
    Sua historia é muito linda,foi vivida noutra época com outros valores humanos...

    beijnhos
    joana

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  13. Olá poeta
    Foi bom conhecer un poico de você.
    Um bom final de semanapara você
    Um abraço

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  14. Muito bacana a sua história, Professor João Poeta; é comovente e poética. Talvez por estas e outras nós escrevemos com os corações

    Poeta, obrigado por sua atenção e seu comentário em meu blog. Blogar é tudo de bom.

    Grande abraço, amigo!

    Jefhcardoso

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  15. Eita cara que você tem é história para contar que mais parecem estórias. imagine o que ainda vem pela frente. ABraços

    http://poesiafotocritica.blogspot.com/

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  16. Que maravilha de história! incrível, que comovente João! "João Poeta", só poderia dar nisso, poeta, um poeta incomum. Parabéns.

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  17. E depois de tudo isso, hoje encontramos um homem bom de coração, com alma de poeta e permanecendo com a mesma simplicidade que somente os GRANDES possuem.

    Parabéns... és da equipe vencedora.

    Gosto imensamente de tua pessoa e espero que Deus te brinde com outras "guerras vencidas".

    Com carinho, Maria Marçal - Porto Alegre - RS

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