segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Brinca Comigo Vovô?

Na atualidade, avós que cuidam de netos é uma realidade que podemos comprovar nas classes sociais de baixa renda. Poucos podem contratar uma profissional que preste serviços de babá.

Tenho uma neta que, por força das circunstâncias, mora na minha casa desde que nasceu. Hoje conta quase seus cinco anos de idade. A mãe trabalha fora de casa, não tem tempo suficiente para dar a ela toda a atenção que uma criança de idade tenra merece, e a nossa netinha vive cercada de mimos o tempo todo por nós, avós.

Julia ainda não tem uma irmã ou irmão para brincar. Ir para a casa da vizinha para brincar com um amiguinho, ou vice e versa, dificilmente acontece. Criança não brinca na rua com outras crianças como outrora, e isso não é bom, as ruas tornaram-se muito tristes para quem já viveu uma realidade bem diferente de agora.

Um animalzinho de estimação pode ajudar para suprir a falta de uma companhia que tenha idades semelhantes, mas ainda não é o bastante - a criança necessita brincar com alguém, e esse alguém são as pessoas com as quais ela convive.

A princípio, brincar com a minha neta pareceu ridículo, mas fui me acostumando a essa idéia de voltar a ser criança... Brincamos com os ursinhos, com as bonecas, com todos os brinquedos disponíveis, jogamos bola... Ela brinca de fazer comidinhas... Oferece-me e eu enceno a degustação – digo-lhe que estão uma delícia os seus pratos.

Hoje pela manhã ela me disse: – Vamos brincar vovô?- Agora, não! Preciso sair daqui a pouco... – Só um pouquinho assim, vovô?! (mostra o dedo indicador junto ao polegar). – Está bem. Você quer brincar de quê? – Anda de bicicleta comigo. Eu na minha bicicleta e você na sua. Vamos! Eu na frente, você atrás, hein?! – Está bem, mas só um pouquinho porque o vovô tem coisas para fazer...

Passamos a pedalar no quintal em torno dos coqueiros. De repente, ela pára e me faz parar também. Diz: Sinal fechado! Verde! Podemos ir... A brincadeira continua e ela não pensa em parar, mas eu... Já estou pedindo a toalha e digo-lhe: Agora chega! O vovô tem que se preparar para o trabalho. Ela me responde em tom apelativo: – Só mais um pouquinho assim, vovô?! (mostra-me o sinal com os dedos mais uma vez). Eu não tenho outra saída. O seu pedido é quase uma ordem que obedeço sem reclamar. Continuo a brincar, até que ela concorda em terminar a brincadeira... Chegou bem pertinho a mim e disse – Vovô, sabe por que é que eu te chamo para brincar comigo? – Não, respondi com a minha cara de vovô coruja... Abraçou-me e disse – É porque eu te amo muito! Enchi-me de orgulho. A emoção que senti foi é indescritível. Agradeci e disse-lhe – eu também te adoro, meu bem! E fiquei pensando... Será que eu preciso de mais alguma coisa para ser feliz nesse mundo...? Acho que não.

Tenho Dito!

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