segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Primeiro Vôo (5636)

                    
Já tive medo de viajar por qualquer meio de transporte terrestre. Mas, sempre tive vontade de viajar de avião. Embora as notícias de acidentes com aviões houveram chegado ao meu conhecimento, o medo de viajar por esse meio de transporte não me afetou. Porém, acreditava que esse desejo seria irrealizável devido ao preço das passagens aéreas serem muito caras. Entretanto, chegou o momento em que eu pude realizar essa façanha – uma viagem curta, uma hora e trinta minutos aproximadamente de vôo. Mas, para quem tem medo de avião, poucos minutos certamente pode representar uma eternidade. Não foi o que ocorreu comigo nessa minha primeira viagem de avião.
Destino, Uberaba/Belo Horizonte. Horário previsto nove horas da manhã.
“Mineiro não perde o trem”. Às oito e trinta horas eu já estava no saguão do aeroporto para aguardar o embarque. O tempo estava chuvoso, portanto não tinha a certeza de que sairíamos na hora prevista. Enquanto aguardava o embarque com a natural expectativa da partida, vagueava o olhar pelo recinto a observar a azáfama dos transeuntes. Os que permaneciam sentados liam alguma coisa com os ouvidos atentos ao serviço de som, e de olho no relógio. Os olhares cruzam-se para se desfazerem imediatamente fugindo a qualquer emoção aparente. Uns puxam um cigarro e acendem, outros roem as unhas, consultam o relógio seguidamente demonstrando o seu estado de ansiedade...
A manhã continua fria, mas o ânimo de quem programou uma viagem se aquece. Os pensamentos ficam revoltos entre a esperança e a incerteza. A cidade não é a mesma. Se cobre com o manto da bruma impedindo a visão dos edifícios. O tempo passa – trinta minutos, uma hora, duas, três... Ainda não há previsão de embarque. Fazer o quê...? Paciência é a atitude mais adequada para evitar um estresse, pois contra as forças da natureza não temos nenhuma resistência. Não há como mudar a ordem natural das coisas.
Alivio... Finalmente, com quatro horas de atraso recebemos a ordem de embarque. Ligam-se as turbinas. Decolamos. Para eu, a realização do sonho de voar, para os outros, cada qual sabe de si, dos sonhos, do destino e dos seus objetivos emergentes. “Emergente” - uma palavra atual. Entre os passageiros, nenhum conhecido. Isto não tem importância. Mas, se não somos iguais, somos semelhantes na dor, nos medos, na alegria, no amor e no desejo de encontrar a felicidade.
É compreensível alguém que viaje pela primeira vez de avião preferir a poltrona ao pé da janela para apreciar a paisagem. Para os medrosos a escolha da poltrona do corredor é mais sensata para controlar as emoções da viagem. Mas eu fui ousado – escolhi janela, poltrona ao lado da turbina esquerda. Olho em sua direção e penso cá com os meus botões - se ela si soltar, o primeiro a si ferrar será eu... A vida está por um fio - Mentira. Está entre tantos sistemas mecânicos, por um múltiplo emaranhado de condutores elétricos. Mas o fio da esperança é inquebrantável, pois se reveste da fé em Deus que guarda por todos nós. Demais, no ar não acontece nada a não ser que um míssil perdido nos atinja... Portanto, o perigo está lá em baixo, não aqui nas alturas.
Aproveito o máximo da viagem – nem pisco os olhos. Os meus pensamentos voam mais alto ainda. Contemplo a paisagem deslumbrante dos icebergues flutuantes – uma maravilha da natureza, um espetáculo que raramente podemos ver mais de perto. Não sinto nenhuma emoção forte, a adrenalina fica adormecida. O que sinto nesses momentos é a leveza do etéreo, da calmaria e da paz.
Aterrissamos no destino para o destino de cada um de nós.
Termino aqui a minha dupla viagem com um final feliz.

Tenho Dito!

14 comentários:

  1. João, o primeiro voo, para alguns, é inesquecível, pq não podemos colocar os pés no chão, não temos para onde correr, é sentar e ir! Eu me lembro de uma decolagem no Internacional do Rio, o avião subiu tão embicado para cima que eu colei na poltrona e cheguei a sentir uma pressão enorme dentro de todo o meu abdomen. Aquilo foi incrível. Talvez um lançamento de foguete seja bem parecido. Nem sei se o piloto era um astronauta que pretendia ir para a lua....

    Beijos

    Obs.: eu fui no dihitt mas a noticia ainda não estava lá... fico aqui por aqui então!

    ResponderExcluir
  2. Sr.João,

    Avião ainda é um meio de transporte seguro. Pode acreditar!
    E se a viagem for de boing...não tem emoção nenhuma (risos)...
    Gostei do seu texto. Legal dividir experiências.
    Abraços, Fernanda pautajornalistica.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. João!
    Teu texto está supimpa, palavra domingueira como azáfama! Rsrsr!
    Foste corajoso realmente: a janelinha não é para qualquer um...Tenho um amigo que só pode viajar acompanhado, porque passa mal de tanto medo! Eu? Tenho mais medo de barco! Não subo em um nem que a vaca tussa (tussa? Argh!)!
    Bjão!

    ResponderExcluir
  4. Oi, João!

    É mesmo uma delícia andar de avião meu amigo.

    Eu imagino como você deve ter gostado, pois eu adoro andar de avião.

    A última viagem que fiz foi de São Paulo/Uberaba... Imagina aonde eu fui!!! rsrsrs

    Adorei sua história.

    Bjs.

    Rosana.

    ResponderExcluir
  5. Grande João, você sem dúvida explicita muito bem, que o que importa não é o destino, mas a viagem em si.

    ResponderExcluir
  6. Saudações!
    Amigo João Batista,
    Fiquei fascinando com a sua narrativa, me senti até na viagem... Mas realmente na primeira viagem acontece com bastante apreensão, somada a tantas imaginações.
    Graças a Deus que tudo transcorreu bem... Isso é ótimo!
    Parabéns pelo excelente texto!
    Abraços fraternos,
    LISON.

    ResponderExcluir
  7. Uma viagem extraordinária, João! A primeira viagem é sempre um acontecimento especial, seja qual for o meio de transporte. O avião acaba ser a que melhor recordamos, talvez por ser o meio de transporte menos frequente.

    Excelente a tua narrativa!

    Abraços
    Luísa

    ResponderExcluir
  8. Oi,
    João,
    Bom Dia!!
    Belissímo texo, peguei uma carona nessa narrativa envolvente e viajei com você lembrando-me do meu primeiro voo, muito legal.
    Agradeço de coração o selo. Brigadão! Vou postá-lo o mais rápido possível.
    Bjos no coração.
    Fica com Deus

    ResponderExcluir
  9. Amigo vou te contar, to fora mesmo, capiau mesmo, pavor, de avião só morro se cair um em cima de mim.
    Abraços forte

    ResponderExcluir
  10. Vim toda feliz pegar meu Selo, mas me deparo com esse texto por aqui, João.
    Impossível não ler e dar uma opinião.

    Bárbaro. Como é saboroso (isto mesmo saboroso) a gente provar desafios e sentir o paladar doce, saber que não era nada daquilo que se imaginava...que o fruto do desafio é nossa felicidade de o ter vencido.

    Adorei.
    Eu tenho lá meus medos, mas vou enfrentando.
    rsrs

    beijos, Maria Souza - Porto Alegre - RS

    ResponderExcluir
  11. Oi, amigo João.

    Gostei de apreciar o seu texto, sobre o seu primeiro voo.
    Eu ainda não posso comentar, porque ainda não tive esse privilégio. Mas tenho corgem e um dia destes terei esse prazer e espero que seja com mau amor, pra eu segurar a mão dele, que já voou.

    Abraço carinhoso,

    Lena

    ResponderExcluir
  12. kkkkkkkkkkkk....
    João meu querido amigo... como é bom pode ler suas experiências... daria tudo para estar ao teulado nessa por peculiar... rsrsrs amigo ...é uma delicia não é voar?
    Poxa eu ja to com saudades de cruzar o altântico... era para ter sido no mês passado ,, mas tive que adiar...mas fico feliz pelo amigo ter realizado esse sonho...e por falr e realização... antes que eu volte para europa... crais que vou até ai em beraba... visitar o amigo...ja me atrevo e me convido...
    João... paz e boa semana e que Deus abençoe ati e familia!!!!!

    ResponderExcluir
  13. Olá, meu amigo João, que saudades!!!

    Gostei muito o seu texto. Acredite, avião é mais seguro que carro rs.
    Parabéns pelo novo blog.

    Abração!

    ResponderExcluir
  14. Nunca andei de avião. Dizem que a gente não pode ter medo do que ainda não experimentou.

    Então, vou fazer o seguinte. Não vou correr atrás disso, mas também não vou fugir no dia que puder voar. É mais sensato.

    Abraços! Sheila Fonseca.

    ResponderExcluir